segunda-feira, 27 de junho de 2016

CIRURGIAS E VOZ

CIRURGIAS QUE PRECISAM DE INTUBAÇÃO PODEM AFETAR SUA VOZ


Recentemente em entrevista à Revista VOGUE, Marina Lima falou sobre um problema de voz que aconteceu após uma cirurgia e teve impacto significativo em sua carreira.


Pouca gente sabe, mas toda cirurgia geral com necessidade de intubação oferece algum risco à voz, já que o tubo passa entre as pregas vocais levando ar para aos pulmões.

Intubação Endotraqueal

Pesquisadores examinaram 1000 pacientes após tirarem o tubo e voltarem da anestesia e encontraram lesões de laringe em 62 pacientes (6,2%). Pode não ser muita gente, mas se esses 62 dependerem da voz profissionalmente, se forem cantores, professores, atores, o problema é BEM sério ainda que a chance disso acontecer seja pequena.

O processo de intubação (colocação do tubo) e extubação (retirada do tubo) pode causar hematoma, laceração de parte da membrana da prega vocal e até mesmo subluxação da cartilagem aritenóide que é de extrema importância para a movimentação das pregas vocais.

Alguns procedimentos que envolvem a região do pescoço, como cirurgia de tireóide, podem também causar paresia ou mesmo a paralisia das cordas vocais quando o nervo responsável pelo movimento de abertura e fechamento das cordas vocais sofre alguma lesão.

Se você é um profissional da voz, antes de qualquer procedimento cirúrgico converse com seu médico anestesista e conheça todos os riscos que o procedimento pode oferecer, inclusive os vocais. 

Como “ficar rouco” não oferece risco de morte, muitos médicos acabam não comentando sobre esse potencial risco, mas esquecem de considerar que para muito gente VOZ É VIDA.

 SEJA UM ATLETA DA VOZ E SAIBA COMO CUIDAR DA SUA



Thays Vaiano
Fonoaudióloga
Especialista em Voz

Bibliografia



KAMBIC V, RADSEL Z. Intubation lesions of the larynx. Br J Anaesth. Jun 50(6), 1978.

segunda-feira, 20 de junho de 2016

CORPO DO CANTOR

O CORPO DO CANTOR:
Alinhamento, Movimento e Intenção

Cantores devem entender que seu instrumento vai além da sua garganta. Postura e alinhamento estão entre os princípios fundamentais da boa voz. Qualquer um que já tenha passado por treinamento de canto já teve alguma orientação sobre postura.                             
Geralmente, a primeira impressão que temos sobre um cantor ou mesmo ator vem de sua expressão corporal antes que tenhamos ouvido qualquer som. A pedagogia vocal enfatiza o alinhamento postural durante o canto e a maioria dos cantores tem consciência do importante papel que a postura/alinhamento exerce na produção eficiente de uma boa voz. Estudantes de voz e teatro têm cada vez mais se beneficiado de trabalhos corporais como Técnica de Alexander, Feldenkrais e Pilates usadas para auxiliar no estabelecimento e reforço do alinhamento musculoesquelético.
O uso eficiente do corpo do cantor vai alem da postura. Na maioria dos estilos de canto, incluindo o teatro musical e a ópera, o movimento corporal e/ou a dança está incorporado à performance. O desafio do cantor - que nem sempre é dançarino ou bailarino - é usar o movimento ou a dança de maneira eficiente, encontrar uma forma de encaixar a coreografia no movimento respiratório e vocal para que essas duas atividades não concorram e aconteçam de forma equilibrada ao invés de existirem dois mecanismos trabalhando um contra o outro.
É frequente também que cantores tenham que administrar a performance vocal e o uso de figurino, adereços, palcos em movimento e pirotecnias nem sempre confortáveis. A grande questão é que os treinos de voz geralmente são realizados em ambiente controlado e com espaço limitado para o movimento. Como resultado, muitos cantores aprendem a cantar com boa postura e alinhamento durante a aula de voz, mas têm poucas chances de treinar a voz em movimento, com figurino e coreografia completa sendo que um simples sapato pode desencadear desequilíbrio muscular suficiente para causar fadiga corporal e vocal durante uma apresentação.
A equipe do ATLETAS DA VOZ acredita que o equilíbrio de toda a musculatura corporal é a chave para uma produção vocal saudável e eficaz. Para que isso aconteça é imprescindível que o cantor tenha alguns ensaios com figurino, coreografia e performance acompanhado de um preparador vocal, seja ele o fonoaudiólogo ou o vocal coach, para que qualquer compensação muscular seja precocemente identificada e eliminada.


Prepare-se adequadamente para suas performances de palco, solte a voz com segurança, seja um ATLETA DA VOZ.


Thays Vaiano
Fonoaudióloga
Especialista em Voz
Preparadora Vocal
Mestre em Distúrbios da Comunicação
Doutoranda em Distúrbios da Comunicação
Professora do Centro de Estudos da Voz

sexta-feira, 3 de junho de 2016

RESPIRAÇÃO, POSTURA E VOZ

RESPIRAÇÃO E POSTURA

 Amigas inseparáveis da voz!


Como todo ATLETA, profissionais da voz precisam de ajustes e ações musculares refinadas para conquistar boa respiração e postura corporal. Vários músculos atuam nas duas situações, daí a impossibilidade de falarmos de uma coisa sem falar da outra.
Para um bom desempenho respiratório é preciso que a caixa torácica esteja livre para o movimento, mas ao mesmo tempo bem sustentada e apoiada na coluna vertebral, sem tracionar a cabeça ou pesar sobre o abdome.
Quando falamos de respiração, muita gente pensa somente na musculatura diafragmática e abdominal, porém, outros músculos menos “famosos” atuam de forma direta ou indireta neste processo, principalmente no canto e em vozes teatrais projetadas, como é o caso dos trapézios, esternocléidomastódeo, serrátil anterior, eretor da coluna e grande dorsal.
Para soltarmos a voz precisamos, dentre outros fatores, da ação do fluxo de ar expiratório, portanto, uma respiração comprometida ou realizada de modo desfavorável vai repercutir de alguma forma na voz. Além disso, uma postura inadequada pode trazer compensações na musculatura relacionada à voz e à respiração, interferindo na sincronia harmoniosa entre elas.
Porém, cuidado! Postura a serviço da produção da voz não significa travar os músculos ou manter o corpo rígido. Ao contrário, o que se espera é um corpo livre de tensões exageradas ou desnecessárias e ao mesmo tempo pronto para receber comandos que favoreçam a respiração, a movimentação diafragmática e abdominal, a expressão corporal, a liberdade dos movimentos e a projeção da voz.
Um cantor com alterações posturais pode acabar desenvolvendo movimentos compensatórios e desencadear um efeito cascata prejudicando a voz da seguinte maneira: 


postura ruim leva à compressão da caixa torácica que causa restrição na movimentação diafragmatica que reflete em prejuízo na produção vocal que gera dificuldade nos ajustes específicos do canto causando tensão para produção vocal que causa fadiga fadiga e uma possível alteração da qualidade vocal


Portanto, todos os ATLETAS DA VOZ precisam desenvolver boa consciência e eficiência de respiração e postura para que suas vozes possam sempre brilhar.


Flávia Badaró
Fonoaudióloga – PUC-SP
Especialista em Voz – Centro de Estudos da Voz – CEV-SP
Especialista em Linguagem – COGEAE – PUC-SP

Fisioterapeuta – Universidade de Taubaté - SP